Competências Socioemocionais – O que são, BNCC e como trabalhar na escola!

O desenvolvimento das competências socioemocionais está previsto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o currículo de todas as escolas brasileiras, sejam elas públicas, ou particulares. 

Está previsto na teoria. Mas é no cotidiano prático que as coisas ficam bem mais complexas. Apesar do entusiasmo de muitos educadores e da própria escola para desenvolver essas habilidades, percebemos que ainda é um verdadeiro desafio promover e mensurar os seus resultados. 

A maioria das escolas ainda não sabe colocar a teoria em prática e promover o desenvolvimento dessas habilidades com as crianças e adolescentes.

Diferentemente da construção do conhecimento acadêmico tradicional, que pode ser testado nas avaliações e exames vestibulares, as competências socioemocionais não tem uma metodologia de avaliação tão simples. 

Mas se mesmo as excelentes escolas ainda não conseguem dizer de forma qualitativa o resultado do trabalho com as competências socioemocionais, é fato que a grande maioria sequer consegue desenvolvê-las. 

Claro, compreendemos que é algo novo, que não estava previsto no sistema educacional e social até então. Estamos diante de uma grande transformação, que claro, não vem da noite para o dia. Como a sua escola está lidando?

Hoje, o nosso grande desafio como gestores, educadores e facilitadores na educação é oferecer algo que nós não tivemos em nossa formação, pelo menos não na educação básica até o ensino médio. 

Afinal, o que são competências?

Antes de navegarmos pelo oceano socioemocional, primeiro é importante avaliar como vamos percorrê-lo. Seguindo essa nossa analogia, vamos supor que é com um barco à vela.

Para uma boa navegação, não adianta sabermos somente das peças que compõem o nosso barco, as propriedades do oceano e dos ventos. É preciso ter também experiência para reagir a cada novo estímulo externo.

Sejam grandes ventos, ondas grandes, chuvas e até mesmo uma calmaria… Cada desafio encontrado, vai exigir não só conhecimento técnico, mas repertório prático para encontrar de forma criativa as melhores soluções. 

Aí sim, quando você está apto a navegar de forma segura, com capacidade para ajustar as velas para usar sempre o externo a favor dos seus objetivos, existe uma competência plenamente desenvolvida. 

Podemos definir competência como um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e também valores, que nos tornará aptos a realizar alguma atividade de trabalho ou do cotidiano. 

E ao falarmos de “competência”, vamos muito além do aprendizado teórico, chegamos na esfera subjetiva de cada ser humano e como cada um deles vai gerenciar cada tensão que encontrar.

É por isso que falar em desenvolver competências ainda se distancia do modelo de educação tradicional. 

E se na prática não estamos vendo jovens mais felizes, mais empáticos, vivendo conflitos de formas saudáveis, ou seja, as atitudes não estão mudando… Significa que não estamos desenvolvendo competências.

Por isso, temos a convicção de que construir experiências de aprendizagem é o melhor caminho para o desenvolvimento de competências de forma autêntica. 

O que são competências socioemocionais?

As competências socioemocionais são as habilidades de compreensão e manejo das emoções dentro das relações interpessoais e do relacionamento intrapessoal.

Assim como as competências já tradicionais da escola, as competências socioemocionais são fundamentais para a construção  e relação do ser humano com o mundo..

Como exemplo, precisamos delas para lidar com desafios, tomar decisões, atribuir significado à vida e aos eventos, construir e manter relacionamentos, cuidar da saúde mental e da nossa qualidade de vida.

Se você procurava uma definição sintética, pode parar por aqui. Mas sabemos que a realidade é muito mais complexa do que isso. 

E antes de listar quais são as competências socioemocionais e tentar enquadrá-las em um script que deve ser seguido pelas escolas, acho pertinente observar algumas constatações.

Importante chegar na base do ser humano e a sua história. Tudo que a medicina, a biologia, a psicologia e mais recentemente, a neurociência vem descobrindo sobre nós.

E para isso, quero destacar dois pontos cruciais:

1 – Hoje a neurociência já nos diz que o nosso cérebro foi evolutivamente desenvolvido para priorizar as relações sociais. A necessidade de conexão é ainda mais básica que a de comida e abrigo.

Basta ver os artigos publicados no best-seller Social, do psicólogo Matthew Lieberman da UCLA.

2 – As nossas emoções criam as nossas experiências. A forma como enxergamos o mundo e as nossas decisões estão diretamente ligadas ao que estamos sentindo. 

Podemos dizer sem exageros, que estamos diante dos aspectos centrais da vida do ser humano. E que com certeza, 

Nós sabemos, observando os estudantes que as “distrações sociais” acabam muitas vezes sendo mais relevantes que a permanente concentração no conteúdo. 

Só ainda não estamos plenamente capacitados para aproveitar desse ponto central da mente humana, para construir uma aprendizagem voltada para a experiência social.  

Quais são as competências socioemocionais?

A BNCC cita 5 competências socioemocionais para serem trabalhadas pelas escolas:

  • Autoconsciência
  • Autogestão
  • Consciência Social
  • Habilidades de Relacionamento
  • Tomada de decisão responsável

Mas para nós da Humana, preferimos uma abordagem mais próxima da realidade de cada jovem, que pode ser aplicada de forma prática e didática.

Por isso, utilizamos 3 competências centrais e essenciais. Uma delas ainda desdobra-se na esfera do eu, do outro e do mundo. Por isso, consideramos 5 competências que se relacionam com um conjunto de habilidades sociemocionais. 

Escolhemos essas competências porque elas são as que vão ajudar os jovens a lidar com os desafios apresentados pela vida em sociedade nos anos presentes.

Acreditamos que o exercício consistente da consciência, da resiliência e da autonomia gera no curto, médio e longo prazo, saúde, sabedoria e realização.

  • Consciência: Cultivada pelo questionamento; Cultivada pela observação; Cultivada pela exploração; Cultivada pela absorção de novas informações.

  • Resiliência: Cultivada ao estabelecer limites e condições; Cultivada ao compreender e trabalhar as emoções; Cultivada ao reconhecer e lidar com adversidades; Cultivada ao desenvolver flexibilidade e conexão com o propósito

  • Autonomia: Cultivada ao reconhecer o potencial pessoal; Cultivada ao desenvolver perspectivas autorresponsáveis; Cultivada ao agir motivado(a) por propósito; Cultivada ao realizar escolhas alinhadas às prioridades.

A BNCC e as competências socioemocionais

Pela primeira vez na história, todas as escolas brasileiras – públicas e particulares – têm uma base curricular comum. 

Essa padronização está prevista na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei no 9.394/1996) e vem sendo colocada em prática desde 2014, por meio da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, com implantação completa em 2022.

A BNCC é um documento normativo que prevê as aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da educação básica. O desenvolvimento de competências socioemocionais é uma delas e deve ser parte do currículo desenvolvido pela escola. 

Em outras palavras: Desenvolvimento socioemocional nas escolas é lei. Mas acreditamos que não é apenas por isso que ele é importante. 

Vamos a mais uma analogia: Suponhamos que o vestibular passe a ser uma prova oral. 

Será que a escola deveria parar de ensinar gramática? 

Acreditamos que essa hipótese é um tanto quanto absurda. Compreender a linguagem é extremamente importante para habitar o mundo no século XXI sem ser um ermitão. 

Na prática, utilizamos a linguagem para ler placas, receber informações, enviar mensagens e e-mails, usar nossos celulares e computadores, deixar recados, assinar contratos… 

Mas, seria possível aprender a ler e escrever fora da escola? 

Sim. A necessidade faria com que aprendêssemos. Mas, com certeza, nosso nível de compreensão e qualidade de comunicação seria muito pior. 

Provavelmente o mundo seria assim:

Ele (ainda) não é exigido como conhecimento testado na maioria dos vestibulares do Brasil. 

Mas ser socioemocionalmente desenvolvido é necessário para habitar o mundo no século XXI, para viver em sociedade. 

Por isso, a grande pergunta é… Será que os jovens estão preparados de fato para a vida? Com competências socioemocionais para lidar com as adversidades do mundo?

E uma outra ainda melhor… Estão preparados de fato para melhorar o mundo a sua volta? Encontrar soluções frente às tensões do mundo contemporâneo?

Por mais que as competências socioemocionais possam relacionar-se com conceitos como inteligência emocional, softs skills dentre outros termos que hoje já são diferenciais do mercado de trabalho, o objetivo é bem maior.

A grande preocupação do MEC é proteger a saúde mental das crianças e adolescentes, prevenir o bullying, formar cidadãos felizes e estar alinhado à Agenda 2030 da ONU.  

O próprio documento da BNCC cita esse objetivo ao dizer sobre as competências socioemocionais.

“A educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza.”

O vestibular pode ainda não exigir indivíduos comprometidos com o planeta e a humanidade, mas o futuro do mundo é responsabilidade das escolas. 

Como trabalhar com as competências socioemocionais na escola?

Fomos bem longe e falamos dos vários aspectos que permeiam o conceito de competências socioemocionais. E agora entra o desafio.. Como trabalhar dentro da escola as competências socioemocionais?

A maioria das escolas não possui um currículo socioemocional estruturado e se baseia nas competências que estão descritas ou citadas na BNCC. 

A BNCC por sua vez é pouco clara e não aprofunda sobre quais são e como desenvolver as competências socioemocionais. 

As poucas escolas com um pilar socioemocional estruturado, em sua maioria, adotam referências que mapeiam as competências e habilidades socioemocionais de forma linear, segmentada e previsível, ou seja desconectadas da realidade. 

Para trabalhar as competências socioemocionais dentro da escola é preciso antes de tudo, aproximar a sua abordagem da realidade prática de cada adolescente.. 

Compreender a experiência de cada jovem de forma integral e conectada à escola. O que integra suas necessidades latentes, as suas emoções, a sua vida familiar, social e a sua relação com a escola. 

Não acreditamos no desenvolvimento socioemocional linear, segmentado e previsível. 

Acreditamos que ele é complexo e interdependente. É muito comum as pessoas listarem as competências socioemocionais como se cada uma fosse um capítulo para trabalhar dentro de uma metodologia industrial. 

Acreditamos em ciclos, uma espiral construída aos poucos, onde várias habilidades estão inter-relacionadas e são revisitadas com olhares mais amadurecidos.  

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Queremos oferecer o mais profundo desenvolvimento socioemocional. Por isso, para nós, cada escola é singular. Compreendemos que por isso, cada trilha socioemocional também deve ser. 

Não acreditamos em receitas prontas. Personalizamos uma trilha de desenvolvimento socioemocional que acolhe as emoções mais desafiadoras e  provoca as transformações do jovem durante toda a adolescência. 

Todas as experiências são facilitadas por educadores da HUMANA Educação, focados exclusivamente no desenvolvimento socioemocional de adolescentes e especializados na criação de experiências de aprendizagem para que todos os encontros sejam reais, profundos e transformadores.

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